o que foi que nos aconteceu?
conseguiram nos transformar em ansiosos.
Como é que vou promover mudanças no mundo se eu mesma sou refém?
amarrada num sistema Tic-Tac!
meu coração bate na velocidade que eles querem.
e me machuco.
justo a boca, donde deveria surgir a insubordinação, a resistência.
Quanto tempo faz que eu tenho pressa?
22 anos faz que eu me angustio pelas coisas que não consegui fazer. ainda.
Ao invés de olhar pra frente, dar de cara com olhos que sorriem para mim,
com o mundo das possibilidades
com o vento que corre por entre as janelas e portas escancaradas.
é nó na garganta, é respiração curta,
é " mas" é "porém",
há dúvida, há impotência, há angústia que só.
Tudo porque o sistema precisa da gente assim: submissos ao Tic-Tac.
As gentes que têm pressa de sobreviver são aquelas que não tem tempo para questionar, para refletir, subverter.
tudo bem, isso já se sabe desde a tal revolução industrial.
mas e nós?
elite social.
talvez não econômica, mas de poucos com muitas oportunidades.
frutos dos esforço de uma classe média que se mata trabalhando, que batalha, que luta dia e noite, para que as coisas para nós sejam diferentes.
E por que não são??
por que continuo correndo? por que também durmo mal? p q nos falta saúde, pernas para cada salto? por que também carrego o nó na garganta?
é porque pertenço a esse sistema.
que inventou de reinventar o tempo-angústia.
ou a falta de tempo.
porque é assim que ele se alimenta, do mercado.
e o mercado precisa da falta, para ter poder.
aí, nele, a pressa faz a gente correr,
consumir, aceitar, e se submeter.
já a angústia é o que nos cega,
nos limita a compreensão, nos dá medo
do desconhecido, nos mantém
desconhecendo.
é a que nos controla,
passa a ser responsável (dona da minha vida, das minhas escolhas) tomando meu lugar.
MAS tudo que eu quero é sair do sistema!
é superá-lo!
é desconstruí-lo!
é subvertê-lo!
e como posso também estar cega?
engasgada, com o tempo preso bem no nó da garganta...
limitada, controlada pelo e a favor desse sistema,
em que não acredito! que fere, que destrói!
Esse drama todo dei-me conta hoje,
ao pensar muito na nossa rede,
e perceber que cada email enviado, vai sempre com pressa
sempre mal revisado, mal editado.
sempre anunciando que quando houver tempo será diferente.
aí o esforço parece sempre maior do que deveria ser,
sendo que o resultado, ao contrário, teima em ser menor.
Aí surge também a língua.
a comunicação.
Seria preciso aprendermos a falar a língua dos outros?
quero aprender a escutar, a entender o outro.
e acho q o ideal seria que cada um pudesse falar a sua língua, e ser entendido pelo outro, que responderia com a sua própria língua/cultura/experiência.
e o que isso tem a ver?
quantas coisas estamos deixando de dizer, porque ainda não sabemos nos comunicar??
quando foi que o ser humano desaprendeu tão profundamente a ser comunidade?
deixou de conhecer a si mesmo, de se respeitar.
ignorou também o outro, pertinho dele.
foi mais longe, ignorou o seu lugar, a sua língua, a sua cultura, a sua natureza.
em busca de um suposto recurso, que seria acumulado, não mais para garantir a sobrevivência, a sustentabilidade da vida,
mas para garantir o prazer, e monopólio do poder.
foi aí que o tempo deixo de ser nosso.
de cada um,
deixou de estar conectado ao espaço, ao contexto,
perdeu ritmo, perdeu quase a vida!
se não fosse pela lágrima, pelo reflexo, pelo instinto!
que permeia os vivos, que salva, que sustenta.
Viva a dor!
impulso que insistimos em tentar controlar.
mas que vasa, escapa, evolui, e supera as nossas drogas!
e aparece pra acordar a gente.
pra nos tirar do transe,
pra nos mover do lugar.
pra acertar os ponteiros,
desengasgar nossos corpos,
resgatar a nossa natureza, e
voltar a viver.
12 de jun. de 2008
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3 comentários:
Voltar a viver! Transviver, pósviver, ter a certeza da incerteza , sentir o tempo correndo tudo, viver.. A idéia é ver que tudo é muito mais, e conseguir ver além de ti mesmo, superar o que não dá certo, experimentar, tentar, insistir, na vida, dos outros, da tua, na dos outros, ver o que os outros vêm, escutar, beijar, ver. Todos, e compreender, se sentir um outro, até encontrar um outro desconhecido, isso tudo é não ter medo da luz, e imaginar tudo que há no mundo pra ser visto. A idéia é continuar insistindo no que nos dá um arrepio na espinha quando pensamos, resgatar esse nosso ritmo, não nos deixamos levar, estamos levando todo mundo junto. Com poesia , com o belo de qualque imagem, de qualquer imaginação de todo esse nosso tempo que temos, de todo o tempo do mundo! Segue! Nada nos para, "temos nosso próprio tempo". Baxinha! segue o curso, tudo vai acontece, e isso é profético!! hahaha eis minhas pirações nesse azul frio daqui! beijão! Te adoro!
sinto gratidão mais uma vez depois das fotos! são presentes lindos! estou completamente mergulhada nesse ritmo! percebo isso claramente! tenho que urgente reencontrar o meu..anninha! Gracias amore mio! Saudades!
Calma Anninha. Calma!
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