9 de fev. de 2008

Surpresas

nosssaaaa!
momento retrô, forte, forte!
grandes amigas, aproveitam a desculpa da despedida, do brechó, pra trazer pra mim pedaços de uma passado próximo e bem distante... mas bem doido, e mto parecido com esse história nova de blogs.
vou colocar aqui, com essas duas criaturas queridas me ditando, fragmentos de cartas q escrevíamos durante a adolescência.
vale a pena registrar.
e comentar: é mto especial a vanessa ter guardado esses 8 anos essas cartas.
lá vai :

"Acho que vou aproveitar a correção da prova de matemática para viajar:
Queria uma dia acordar com a delicadeza amarela das petalas de uma margarida
a fazer-me carinho no rosto,
e quando abrisse os olhos, avistasse o rosto da pessoa mais querida para mim no mundo todo, que viesse bem pertinho e com beijinhos leves e doces,
me fizesse sorrir e acordar com vontade de viver...
e com amor me abraçasse e me sussurrasse ao pé do ouvido: bom dia meu amor...
e que em seguida saísse para trabalhar, talvez comigo, ou talvez mais longe.
Trabalhasse numa coisa que lhe desse prazer e que fosse correspondente aos seus ideais.
e eu me vestiria com uma roupa bem simples e iria para o trabalho de bicicleta,
chegaria num lugar onde crianças viriam correndo me dizendo: maninha, venha ver o desenho que eu fiz pra ti... tia, acabei meu livro, obrigada... Dona Anna, a senhora tem q trazer mais argila para o projeto, as crianças adoraram... minha filha, quando é que vais fazer de novo aquela aula de desconstraçao? o pessoal tah perguntando...
e todas essas vozes chocariam-se como carinhos ao meu coração,
e responderia-lhes com o mais sincero sorriso,
e de lá, depois de resolver as ocupações diárias, naquele lugar, que durante tantos anos fora um sonho, iria para meus outros trabalhos, de desenvolvimento sustentável, de incentivo ao trabalho das crianças da Febem na agricultura orgânica, e até mesmo na gestão de Poa (Porto alegre) (por que nao?)
e a noite voltaria para casa, extremamente cansada, suada, e louca de fome...
mas muito feliz
e encontraria outro, fedorento e contente, sorrindo para mim, cozinhando para mim, e antes de comer: uma reunião pessoal no chuveiro...
e então para nós, unidos,
mais unidos do que qualquer outros,
os problemas seriam nossas diversão!
...
ô nessa, não dá bola, é que sonhar não custa nada... e aliás, por acaso, sabe o que significa "minha larangeira verde, por que está tão prateada..." e continua com mais devaneios...


gente eu já fui mto legião urbana!!! e hj tive q pôr no google, pra descobri qual das músicas era essa. l
ogo uma que eu pensei q jamais esqueceria: sereníssima:
"sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E você vai logo ver o que acontece.
Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas.
....
Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?
Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo."

digamos q esses fragmentos da letra praticamente adiantam a análise do momento retro.
bom, mas pára tudo.
minha cabeça tá uma pilha!!
q doido!!
pra começar: q a Nessa tenha guardado isso.
e mais, me contou que leu essa carta pra várias pessoas, que a viagem descrita nela, retrata tudo que ela veio a desejar na vida dela!
pra começo de conversa isso já é forte.

relendo cada trecho dessa viagem, mil fichas caem, e parece até que eu conheço a pessoa que escreveu.
cada pedacinhos, retrata a inocência, somada à ambição e às leituras q tava fazendo naquela época.
mas a despeito de toda a pieguisse e romantismo excessivos da viagem, convenhamos, é um baita sonho idealista, socialista, construtivista, auto-gestionista e tantos outros istas que eu já julgava tão superados!

e que vontade e que inocência a minha (novamente) achar q um dia vou superar os istas que nos cercam e nos limitam e nos rotulam...

mas eu vou ali, ler de novo. e pensar.
o que ficou de tudo isto ou istas...
...

bah
sem palavras.
superados os preconceitos, que são exatamente os mesmos q me fizeram escrever somente pra mim mesma nesses 8 anos, dá pra aproveitar bastante essa carta.
cara, ela é o retrato perfeito da minha incansável tentativa de, numa escola particular de classe média-alta típica de Porto alegre, manter-me numa contracultura.
(mas aqui esntre nós, como eu sou exagerada)
como era foda ser adolescente, idealista e sonhadora, no meio de um bando de criaturas consumistas. só queriam consumir umas as outras, usar, e jogar fora. tudo q valia era comprável, inclusive a beleza. por isso o detalhe de que eu vestiria uma roupa bem simples.
ao ler essa viagem fiquei imaginando quantos jovens pelo mundo todo passaram exatamente pela mesma situação que eu.
ao valorizar o q eu escolhia, me colocava fora do mundo em que estava.
parece típico.
mas hoje percebo como isso me definiu.
aprendi a viver na margem
aprendi a suportar isso
e não me render.
foi uma escola útil

(por isso sou tão durona hoje em dia... e nao é elogio não...)

não posso dizer q a minha situação mudou muito hoje.
continuo tendo sonhos e aspirações muito diferente da maioria.
mas hoje conheço mais gente com quem compartilho valores e perspectivas.
e isso é muito bom.

me impressiona a fantasia com o maridão...
super idealista, e sonhadora.
mas já tive um amor q cozinhava pra mim, e que trabalhava comigo e que era meu parceiro.
por tudo isso que eu nem lembrava ter sonhado (muito menos de forma tao inocente) é que me apeguei profundamente à ideia de estar com ele.
esse parceiro que pensei q fosse o cara.
e que ainda hoje não posso afirmar que não é.

ele tem tão a ver com esse sonho...
saudades
não sei se do passado - de desejar isso inocentemente, distantemente..
ou de viver isso, de cantinho e gostoso.
mas qualquer coisa é melhor do que o limbo de querer e nao poder ter.

hoje, thanks to Jah, eu sonho de novo com isso.
que é um upgrade em relaçao ao limbo.

e o que eu faço com o constrangimento dessa minha fase legião urbana, inocência, mini-socialista, prof, e nao sei o que de colégio particular com pais revolucionários??

acho q o lance é virar a página.
superar o constrangimento de ser mesmo isso aí.
uma sonhadora, pateta e apaixonada pelas inúmera possibilidades dessa vida,
tão criativa que é.

e segue o baile!

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