7 de nov. de 2008

Irônico


coleção
de imagens
raras.
hoje o sol fez dois buracos nas nuvens, como se tivesse botando luz
no lugar q os escravos botavam as mão, para serem castigados pelo injusto destino q a história lhes dava.
mas as mão no céu eram cor.
luz colorida.
era só um pedacinho
deixava claro
que já era de mais:
céu azul,
trabalho rolando.
noticias boas.
e um arco-ires inteiro?
era de mais.

eu falo com pessoas
e não lembro mais como era ser eu antes.
a gente muda tanto.
mas a vida sempre sabe mto bem o q tá fazendo.

eu lembrei daquele dia, de vestido negro, com peixes de Luna,
dia q fazia muito calor, e eu ainda tinha a minha juba comprida.
dia em que eu queria me sentir leve, mas estava pegada no chão.
dia em que eu queria saber o que ia acontecer.
e sabia.
mas queria sem sofrer.
inútil
sofria,
e estava lá, em Porto
ainda,
embora não sentisse isso.
sentia o pé em São Paulo, a alma no México, e algo mais,
algo mais não sabia onde.
e era no Peru.

eu por largos montes de dias me esqueci como sonhei com o Peru.
na primeira oportunidade que tive, fugi.
na segunda mais ainda.
na terceira aceitei com medo, com peso, quase desgosto.
não sabia mais onde ía.
mas não era mais o Peru sonhado.
era o Peru q dava pra ser.
o Peru duro, de Lima,
que cada vez dói menos.
cada vez é mais fácil, é mais meu.

e esses dias varrendo esse carpete e pensando
será q eu consigo que seja livro?

que história era essa que eu vinha escrevendo??
ela não era estupidamente genial, nem inovadora ao ponto de estourar as vendas.
mas o que tem de mais louco nela?
é que ela é real.

embora eu já soubesse q tipo de história eu ia escrever para mim mesma
embora eu acreditava q era esse mesmo o caminho q eu tava escolhendo,
é surpreendente me dar conta como foi tudo.
como foi se construindo a história que estou contando.

a história de alguém q anuncia claramente q vai
FUI
em busca de sentido, de experiência e exposição.
alguém q na verdade por um tempo tinha morrido
e tava, depois de renascer, recém reaprendendo a caminhar.
e tinha morrido por optar viver
no sentido mais biológico Maturana que hay
amor
ação que engloba uma imensa gama de pequenas coisas subjetivas, confusas, e intensas.
e que, em geral, é eterno enquanto dura, e quando acaba, mata.

alguém que omitiu toda uma parte íntima da história em forma de fotos, devaneios.
mas q sabe q tem um time de amigas q sim entende muito bem, pq cada palavra tem tanto sentido.
alguém que enfrentou suas próprias incoerências, por puro prazer de enfrentar.
agarrada na esperança de que isso ia fazer crescer.
...conflitos até com a própria sombra,
saudade, apego e despego com as 7 casas de cada pais.
medo, e coragem para cada novo passo.
alguém q sonhava em conhecer as pessoas
aproximar-se delas,
desfrutá-las
curti-las,
foto-recordá-las
pintar com elas
essa pequena história de viagem
de busca.
que aparentemente é ao exterior de um país, de uma região ou da cidade que passei toda a minha vida.
mas que na verdade é um esforço de a cada passo ir despindo mais uma casquinha
da ferida que fica depois de tudo q se vive
pra se transformar em mulher adulta.
e cada pedacinho da casquinha q vai ficando no chão,
nojenta e especial
que só tu sabe o valor
vai te deixando mais leve
e te cavando um buraco
de saudade,
e enquanto ainda estás vivendo cada cena, já te dói pensar q vai passar.
e que vais levar pra sempre
mesmo q nunca mais possa voltar lá.


e eu posso voar para dentro do meu apartamentinho do ano passado, que foi todo um projeto imenso, com ajuda de toda familia e amigos, mas que tinha data para acabar.
e quando eu sentava na minha cama e olhava tudo e já estava aqui onde eu estou hoje, e dizia pra mim mesma: essa é a minha vida. eu sou responsável por mim.
e chorava lavando a louça
escutando Jean Baez,
percebendo o mundo com um intensidade violenta,
e viajando no tempo para o agora.

eu lembro de como eu me sentia aí
ou quando eu decidi vender tudo
e tinha alguma pequena dúvida se tava fazendo uma cagada,
mas tinha muito prazer em fazer isso
e correr o risco
pq algo me dizia que eu sabia o que eu tinha q fazer
e q tinha q re-aprender a confiar em mim
e ia
e ia
e podia dizer e contar que fui.
e seguia.
e tudo podia acontecer, mas eu não ia voltar jamais!!
tinha prometido
ao escutar um clássico samba que diz q quem vai nao volta jamais, pode ir outra vez para o mesmo lugar, mas isso já não é voltar,
pq quem vai nunca mais é o mesmo.
e falar isso, escutar no mp3 é super romântico, super emocionante,
já viver isso,
é de uma forma intensa e ao mesmo tempo calma
que quase te faz levantar e andar.

e assim foi.
cada passo,
cada movimento
que representava para mim aprender a viver.
outra vez aprender a ser feliz sozinha.
reconstruir todos os meus sonhos de novo
sozinha.
em outros cenários, com outras companhias.
sozinha.
sem familia, sem história.
a vida como caderno novo, com capa dura e um monte de figurinhas invictas para decorar.
só que dessa vez escolhi q não ia ser mesquinha,
q na 1a semana ia gastar todas as figurinhas.
pra nao fazer que nem todos os outros anos em que, com pena de desperdiçar, terminava o ano com as figurinhas esquecidas na 1a folha.

e fui gastando, mas foi acontecendo aquele fenômeno da tal multiplicação dos pães,
aquele de Jesus,
quanto mais eu gastava, mais pães apareciam.
figurinhas...
e nao cansava
pelo contrario, me dava forças
para ter mais forças
para embelezar o mundo

e por onde eu fui passando fui deixando uma sementinha
fui amando, e desapegando.
fui jurando que tava aprendendo a estar só.
e quis tanto aprender
quis tanto estar só, ser livre, não precisar de ninguém,
tanto, tanto
que cheguei do outro lado!!
no outro extremo, para dar risada e entender mais e mais.
q na vida a unica coisa certa é as leis de Murph.
e que quando tu decide uma coisa,
tão decidida, tão bem deicida,
vai ver:: e essa coisa já é outra!

eu que queria ser feliz sozinha, e fui tão feliz sozinha, tão feliz sozinha
que vou terminar meu ano,
meu livro,
casando.

é ou não é irônico,
como diria meu adorado carlos urbim,
uma caixa de lápis 36 cores
na mão de um guri daltônico.

Um comentário:

analuiza disse...

saudade de tu..biscoita! feliz! beijos