13 de ago. de 2008

Corpo e Alma na estrada- Macizo colombiano e muito mais...

Quanta coisa em 10 dias.
muitas fotos.
muitas cena. nem todas feitas com a Canon,
algumas gravadas na retina. e na alma.
já conto. espero conseguir.
preciso.
voltei de lá, direto para mais trabalho. mas nao consigo nem respirar.
nao consigo quase nada de ansiedade de contar, de sentir q toda a dor valeu paena ser vivida, porque virou historia, gravada neste tempo q é curto e cheio de demasiadas coisas... q nos fazer perder o foco!
pasa tempo, pasa coisa. e nao sai, ainda nao,
espera q vem, jah vem, por onde começar?

quero começar pelo mais duro,
pelo que me colocou em dilemas.
pelo que mudou minha rotina.
que me fez esquecer q tinha q comer
q me deixou na estrada, com malas perdidas, sem saber onde estava,
queimada pelo sol
molhada pela chuva, com medo de nunca mais esquecer a imagem.
pensando em porque nao consegui fotografá-la

escena 1.
eu já estava exausta, sentanda num piso quente do municipio de Rosas. partindo para o último povoado para mais uma vez repetir as oficians de projetos.
esperando um transpote com meu amigo Darwin que me acompanhou desde Paraga.
pensando: voy embora pra Popayan, minha intuiçcao me diz q já era, hoje nao dá mais pra trabalhar.
lhes explico: ia trabalhar todo o dia lá, mas como tinha falecido uma professora, adiei para a tarde apenas, para q pela manha os alunos pudessem vela-la.
13h chegou o onibus lotado, o cobrador pegou minha mala de roupa e nas minhas costas a minha mochila com lap y camera.
o onibus ia tao rápido, mal podia me equilibrar, estava bem perto da porta.
a gente amassada la dentro sendo jogada de um lodo pro outro naquelas curvas beirando pressipicio.
uiii
tenho q me desconectar.... jah sigo o relato, deixo o suspense!

dia seguinte:
passei a noite escrevendo off line e agora colo tudo aqui:
Agora a noite antes de dormir, preciso seguir essa tarefa, desopilar, descarregar.
Contar que pasó...
cena 2...
Pois esse home louco, que vinha conduzindo pelas curvas numa velocidade perigosíssima, me fez ter vontade de registrar a cena. E eu tinha minha Canon no meu peito, pronto, ligada e tudo, mas tive vergonha. Me deu pena da gente. Como se sentiriam saculejando dentro desse bus de merda e uma Mona, como me vem, gravando esse desparate em Miles de pixels. Algo me continha. Passou pisoteando meus pés o cobrador, e foi para o seu posto no ultimo degrau da porta aberta do bus. Onde também estava uma outra menina com sua saia chadrez de colegial, entre eles e eu mais duas meninas, muitas sacolas no chão e um abismo cultural. E eu ainda angustiada porque mal me equilibrava com minha mochila pesada nas costas.
Olhava pela porta para eles e de repente o inesperado, pero não improvável. 
Gritos. 
Pára, pára!!! gritavam as meninas. 
O bus começa a freiar. 
O meu cérebro não quer enfrentar a dura realidade e demora a me devolver a informcçao q captou no ambiente. 
O Cobrador desapareceu. 
O "corpo" que eu me referia era dele, na estrada.
Desci, meio insegura e ainda sem entender, com mais umas 20 pessoas. Me aproximei do local onde se amontoava La gente, se gritava, se tentava ligar para uma ambulância. Que raiva q me deu, o motorista ali de assassino irresponsável, não sabia primeiros soccoros. Os homens tinham juntado o Cobrador de um barranco. Tinha caído de cabeça em alta velocidade. E tentavam pôr ele sentado. Mas a coluna tava destruída e eu dizia: NÃO!! Tem q deixar ele imóvel, falar com ele, mantelo acordado. Não pode mexer na coluna!!! E os olhos deles estavam brancos leitosos com sangue por fora, o corpo todo quebrado com sangue, e mole. Babando, se engasgando, mas ainda respirando. 
A minha câmera se juntou com a minha respiração apertada, e eu me via tirando ela da capa e fotografando o sofrimento e a injustiça ali ilustrados por carnes e ossos. Mas não tive coragem. O ambiente era tão violento q tive medo de ofender. De assustar o maldito motorista e prejudicar o ferido. Não fiz as fotos. Mas fiz. Elas estão na minha retina, coladas. Nunca serei capaz de esquecer. 
De repente ele levantou e caiu de novo. Eles meteram ele no bus como quem mente um saco de batata, e levaram pro hospital. Eu fiquei na estrada, ali no meio do caminho, com mais montes de gentes. E com o bus se foi a minha mala, q nem era minha, e sim da Clarissa.
Eu sentei na beira da estrada e tinha um nó na garganta. Pensava na distancia do hospital, na estupidez daquele acindente, na minha maleta, e porque não tinha escutado minha intuição e ido para popayan? Queria chorar, queria ligar para alguém, para que alguém me dissesse como eu era corajoda de estar ali firme e forte. Mas não pude. Então sentei e esperei.
E olha q não gosto de esperar. Me angustia. Mas que eu podia fazer? 
Coitado do homem, eu queri dizer. Coitado!! por que? E depois de mais de duas horas sentadas ai, não podia pegar outro ônibus pois esperávamos as maletas, começa a chover. Hoje me dou conta q me queimeir com o sol, tinha medo de molhar computador. 
Sentei abaixo de uma arvore e chorei. Sem lágrimas pois a chuva já enchaguava por mim, o sangue, o cheiro, e o dilema, de não ter tido coragem de ganhar essa historia. Teria sido útil para alguma coisa. Mas tive tanto medo de ofender a dignidade desse hombre q jah tinha sido transformado em um saco de ossos.
Por que eu tinha que ver aquilo? Já estava acabando minha jornada.
Porque? Que dor pensar q podia sim ter sido eu, estava ali perto. Se fosse eu, sei q não sobreviveria, e será q saberia q estava morrendo, será q enchergaria a queda, escutaria o barulho do ossos. E porque a gente trata a vida como se fosse uma novela. Porque a gente não tem um prazer de viver tão grande quando a dor de se morrer assim?
De que serve tudo isso afinal se de repente pode acabar assim, sem sentido.
O corpo, a estrada. E eu ali. Sentada, perdida. Me sentia muito só.
Logo as coisas começaram a se resolver, chegou o prof Jill de La Sierra, me busco em seu cavalo branco que era uma moto mal revisa, branca. Chegou El Bus com a minha maleta. E foi fazer a ultima oficina. 
Cheguei lá as 16h. já era super tarde, eu queria ir embora, mas comecei o trabalho. Super seria, super cansada, super triste. 
Falei, falei, falei. Recebi a bela noticia sobre lima, e segui falando. Seguimos atividade e lá pelas 21h comecei e me sentir pior, pior, já não podia me sustentar. Baixou pressão. Pára tudo que quero descer. Sentei, fiz o q o querido tio Pio me ensinou, passou e pedi água. Me dei conta q não comia desde 10h da manha. Fui comer, voltei, terminei o trabalho, fui dormir para no dia seguinte ir embora, de vez para Popayan, em um bus com a porta aberta e muita gente pendurada nela, inclusive um home com uma menina de um aninho sentada em uma perna, q me olhava com cara de nojo quando eu pedia pra fechar a porta porque era perigoso. 
Que asco q me da La gente as vezes, como podem ser tão idotas. Até q menina saia voando pela porta, ninguém se importa. Antes eu andava nesses buses e pensava q era perigoso. Agora já era outra coisa. Uma alma ferida, uma cena doída q eu não precisava ter visto, mas vi. E um trauma. Por que a gente não aprende? Não sei, mas eu aprendi.
Corpo, na estrada, quando deveria estar dentro do Onibus.
Alma, aberta, nem sempre recebe só coisa boa nos lugares q passa.

Caminhos q se cruzam, e q deixam de existir bem na tua frente.
Esqueci de comentar que depois da chuva, depois de muito tempo esperando na estrada, chegou a ambulancia.

De resto a jornada foi cheia da ação do morrocoy.
Altamira:
Trajeto difícil, cidade pequena, mercado na segunda, radio que eu dei Buenos dias, pedrada anônima, policia nas ruas. Fotos belas, cidade com pouco carro, casas na beira da estrada. Vendem minutos e até chamada internacional.
Fotinhos em breve
Almaguer:
Trajeto duríssimo, em moto. Pela altura e pela velocida, muito frio. Estrada perigosa.
Raiva. Me buscam sem capacete, risco e mais risco. Vamos comer poeira.
Chego e enfrentei vários desafios.
O acampamento, onde os professores não são exemplos. Onde esperam muito de mim, eu vou indo, tateando, onde o cavalo é para mim, e me dá muita vergonha. Riem de mim porque lhe deixo descansar. Eu digo pra ele andar, porque eu não vou bater, então q me escute.
Cidade linda, de piso ladrilhado, não batido, não vi nem um carro. Demorei pra me dar conta disso. Só cavalo, moto e caminhonete de trasposte coletivo. Fotos impressionantes, choques culturais. Não comem verduras,indígenas de varias regiones, fotos do mercado geniais. logo logo...
Sexta feira: dia de descanço, me oforecem de ir conhecer logoas. Longe, carro estragado, de gado. Metade do caminho, faltam mais duas horas de carro. Decidem ir assim mesmo, quase morro pela autura nao consigo mais caminhar, vão um busca de um cavalo. A estrada não passaria nem caminhonete com tração nas 8 rodas!!
Nada, o cavalo afunda e se desespera no barro fundo e pegajosos, eu quase caio mil vezes, me canso de brincar de rodeo. Quando começamos a chegar no pico na cordilheira a paisagem roba a cena. Mal cosigo respirar, é imenso e lindo. Ai está o lado, faço umas fotos, faz muito frio, jah não posso mais agüentar, chega outros gritando, fecha-se a nuvem ninguém mais vê a lagoa. Ela não se deixa ver , diz a prof. Se não respeitam o silencio, começa a chover eu começo a entrar em pânico pela dor nas mãos de tanto frio. Acho q era uma hipotermia, descemos correndo, não consigo me seugrar no cavalo, e os cascalhos fazem de cada passo uma possível queda. Eu odeio esse momento, desejo a minha mãe, e nunca ter saído de casa.. quero chorar de raiva. Mas tudo passa.
Mais abaixo paramos para comer, a chuva não chegava no pé da montanha.
TranQuilo, agora soh falta 2 hora de caminhada de volta na estrada de barro, e mais 4 horas de estrada de chão.

ESSE FOI O DIA Q AS ESTRELAS CAIRAM....
LOGO VEM AS FOTOS

Um comentário:

Mirna Nóbrega disse...

poxa, Anna, que história!!!!
espero que estejas bem!!!
realmente nem sempre encontramos só coisas boas, mas seguimos confiando que vai melhorar.
abraços